quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Rita Quintas

 
Aos 21 anos quando conheci a prática de yoga e toda a sua filosofia, a minha vida mudou bastante. Hábitos que tinha foram alterados, nomeadamente os da alimentação. Foram-me dados a conhecer os imensos sabores da cozinha vegetariana, dieta que adoptei facilmente por ser considerada a mais saudável e indicada para a prática de yoga. À medida que me ia interessando pela confecção de novos pratos e sobre o tema em questão, encontrei muita informação, mais especificamente, de como os animais eram mortos, de como passavam a sua vida confinados em espaços sujos e pequenos, do quanto sofriam e como de uma forma tão cruel lhes era retirado o direito à vida, à sua liberdade, corrompendo por completo os seus direitos comos seres sencientes que são. Obviamente que após saber toda a verdade, (sim, toda a verdade!) nunca mais poderia voltar atrás. O vegetarianismo começou a fazer muito mais sentido para mim, não só por questões de saúde, mas principalmente por questões éticas.
Ao longo deste 8 anos, passei por um misto de emoções. Inicialmente a força era muita, queria mudar o mundo, queria ajudar todos a tornarem-se vegetarianos, queria que percebessem de uma vez por todas e se colocassem na situação do animal, mas era uma luta diária desgastante, havia pessoas que não queriam ouvir, e pior, havia pessoas que ouviam e nem queriam saber. Com o passar do tempo e com as decepções que ia tendo, a força diminuiu e comecei a deixar de acreditar. Mas felizmente este movimento começou a ganhar forma, cada vez há mais literatura sobre o assunto; pessoas empenhadas formaram grupos, blogs, associações; abriram mais restaurantes vegetarianos; surgiram mais opções vegetarianas nos supermercados, trazendo-me a esperança de novo. Tudo leva a crer que estamos no caminho certo para que a mudança aconteça
O animal está aos poucos a deixar de ser visto como um objecto e começa a ganhar o estatuto de ser consciente e merecedor de vida. Julgo existir um grande abismo entre aquilo que sentíamos enquanto pequenos e aquilo que sentimos agora. Será difícil para uma criança aceitar que o animal que tanto gosta esteja presente no seu prato. Nem chega a perceber. Essa informação é-lhe vedada. E porquê? Para não a ferir! E porque razão haveria ela de ficar ferida se esse acto fosse normal e tivesse realmente que acontecer? Será que fomos mesmo feitos para matar? Será que fomos feitos para matar aqueles animais que em pequenos (e ainda hoje) achamos tão ternurentos e engraçados? 
Ainda não consegui perceber por que motivo passámos a dizer “sim” aquilo a que tão veemente dizíamos “não”. Hábitos? Insensibilidade? Falta de compaixão? Deveríamos procurar dentro de nós a razão.
O vegetarianismo levou-me a inovar na cozinha e a descobrir novos pratos, introduzi alimentos na minha alimentação que desconhecia, levei a minha atenção para outras formas de produção, testei a acção de diversos alimentos/plantas em algumas patologias, adoptei uma diferente visão de cura, muito mais pela prevenção e enveredei pela Medicina Natural, iniciando os estudos na Naturopatia. A natureza é bela e inteligente. Há muito que digo: a Natureza pode dar-nos tudo o que precisamos. Somos feitos de vida, não de morte.
O vegetarianismo em Portugal merece a devida atenção, os milhares de animais que estão prestes a seguir o corredor da morte, merecem uma oportunidade. Juntos faremos mais, unidos faremos melhor.

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