Aos 21 anos quando conheci a prática de
yoga e toda a sua filosofia, a minha vida mudou bastante. Hábitos que tinha
foram alterados, nomeadamente os da alimentação. Foram-me dados a conhecer os
imensos sabores da cozinha vegetariana, dieta que adoptei facilmente por ser
considerada a mais saudável e indicada para a prática de yoga. À medida que me
ia interessando pela confecção de novos pratos e sobre o tema em questão,
encontrei muita informação, mais especificamente, de como os animais eram
mortos, de como passavam a sua vida confinados em espaços sujos e pequenos, do
quanto sofriam e como de uma forma tão cruel lhes era retirado o direito à
vida, à sua liberdade, corrompendo por completo os seus direitos comos seres
sencientes que são. Obviamente que após saber toda a verdade, (sim, toda a
verdade!) nunca mais poderia voltar atrás. O vegetarianismo começou a fazer
muito mais sentido para mim, não só por questões de saúde, mas principalmente
por questões éticas.
Ao
longo deste 8 anos, passei por um misto de emoções. Inicialmente a força era
muita, queria mudar o mundo, queria ajudar todos a tornarem-se vegetarianos,
queria que percebessem de uma vez por todas e se colocassem na situação do
animal, mas era uma luta diária desgastante, havia pessoas que não queriam
ouvir, e pior, havia pessoas que ouviam e nem queriam saber. Com o passar do
tempo e com as decepções que ia tendo, a força diminuiu e comecei a deixar de
acreditar. Mas felizmente este movimento começou a ganhar forma, cada vez há
mais literatura sobre o assunto; pessoas empenhadas formaram grupos, blogs,
associações; abriram mais restaurantes vegetarianos; surgiram mais opções
vegetarianas nos supermercados, trazendo-me a esperança de novo. Tudo leva a
crer que estamos no caminho certo para que a mudança aconteça
O
animal está aos poucos a deixar de ser visto como um objecto e começa a ganhar
o estatuto de ser consciente e merecedor de vida. Julgo existir um grande
abismo entre aquilo que sentíamos enquanto pequenos e aquilo que sentimos
agora. Será difícil para uma criança aceitar que o animal que tanto gosta
esteja presente no seu prato. Nem chega a perceber. Essa informação é-lhe
vedada. E porquê? Para não a ferir! E porque razão haveria ela de ficar ferida
se esse acto fosse normal e tivesse realmente que acontecer? Será que fomos
mesmo feitos para matar? Será que fomos feitos para matar aqueles animais que
em pequenos (e ainda hoje) achamos tão ternurentos e engraçados?
Ainda
não consegui perceber por que motivo passámos a dizer “sim” aquilo a que tão
veemente dizíamos “não”. Hábitos? Insensibilidade? Falta de compaixão?
Deveríamos procurar dentro de nós a razão.
O
vegetarianismo levou-me a inovar na cozinha e a descobrir novos pratos,
introduzi alimentos na minha alimentação que desconhecia, levei a minha atenção
para outras formas de produção, testei a acção de diversos alimentos/plantas em
algumas patologias, adoptei uma diferente visão de cura, muito mais pela
prevenção e enveredei pela Medicina Natural, iniciando os estudos na
Naturopatia. A natureza é bela e inteligente. Há muito que digo: a Natureza
pode dar-nos tudo o que precisamos. Somos feitos de vida, não de morte.
O vegetarianismo em Portugal merece a devida
atenção, os milhares de animais que estão prestes a seguir o corredor da morte,
merecem uma oportunidade. Juntos faremos mais, unidos faremos melhor.
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